“Nem todas as velhices são iguais” – diz jornalista na aula inaugural do NETI

17/03/2015 11:44

“Nem todas as velhices são iguais” – enfatizou a jornalista do “Diário Catarinense”, Viviane Bevilacqua, na aula inaugural promovida pelo NETI (Núcleo de Estudos da Terceira Idade), que aconteceu no Auditório da Reitoria da UFSC na última quinta-feira. O evento, que reuniu em torno de 200 pessoas entre alunos e comunidade teve como assunto o idoso representado na mídia: TV, rádio, impressos e internet.

De acordo com Viviane, a mídia retrata o envelhecimento de duas maneiras: ou evidencia aqueles idosos muito pobres, que ficam na porta dos hospitais esperando atendimento e não conseguem, não tendo seus direitos básicos assegurados; ou mostra, principalmente nos últimos anos, aqueles idosos que fazem tudo e que têm uma vida da qual todos gostariam: praticam esportes, viajam pelo mundo… No entanto, nenhum representa a maioria dos idosos, que leva uma vida comum: faz um curso, uma caminhada, que gosta de ir ao cinema, que não tem condições de fazer grandes viagens, mas que não é uma pessoa doente.

Conforme a jornalista, publicavam-se muitas matérias sobre envelhecimento que enfocavam tratamento e cura de doenças. Recentemente, os meios passaram a se pautar, também, na prevenção de doenças e cuidado do corpo para se chegar a uma velhice saudável e prolongar a vida, muitas vezes, parecendo que o idoso tem obrigação de se sentir jovem e feliz.

Viviane lembrou um tipo de fato que a mídia deve denunciar sempre, que é a negligência e os maus tratos contra o idoso. Também, as pequenas coisas do dia-a-dia, que devem ser respeitadas, como filas, estacionamentos preferenciais, assentos nos ônibus… Todos merecem ser respeitados e representados, independentemente de suas escolhas ou possibilidades de vida.

Uma pesquisa global divulgada no ano passado, em 1º de outubro – “Dia do Idoso” – avaliou 96 nações sobre a qualidade de vida na terceira idade. O Brasil ficou no 58º lugar na lista dos que mais respeitam os idosos – pessoas com mais de 60 anos – 11,5% da população. Daqui a 30 anos, serão 29%.

Há 18 anos no “Diário Catarinense e jornalista há mais de 30, Viviane já participou de várias atividades do NETI. Ela afirma: “O compromisso de todos nós da mídia deveria ser trabalhar por um envelhecimento digno no Brasil. Os idosos são vistos ainda como coitados, mas devem ser vistos como sujeitos da nossa história”.

Neste semestre, o NETI teve 800 vagas preenchidas, por pessoas de 50 a 90 anos, em vários projetos desenvolvidos com professores da UFSC e outros que atuam voluntariamente, estudantes de graduação e pós-graduação e monitores. Do total, 43% são alunos novos. Isso revela que o idoso deixou de ter uma imagem depreciativa, ligada a doenças. Hoje, ele é um público que exige como consumidor e cidadão.