UFSC avança na política de extensão com o lançamento do Programa de Extensão Indígena e Quilombola (PEIQ).

14/11/2025 14:22

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Pela primeira vez no país, um programa institucional voltado a povos indígenas e quilombolas será lançado após mais de três anos de construção coletiva

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por meio da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX), dá um passo histórico na consolidação de suas políticas afirmativas ao oficializar o Programa de Extensão Indígena e Quilombola (PEIQ). O documento, resultado de um processo participativo que se estendeu por mais de três anos, será lançado na próxima segunda-feira e representa o primeiro programa institucional do país com esse perfil.

Antes do lançamento, a PROEX realizou uma reunião de trabalho estratégica, convocada pela pró-reitora, professora Olga Regina Zigelli Garcia, para fortalecer o diálogo e os alinhamentos finais do programa. O encontro reuniu o antropólogo Felipe Bruno Martins Fernandes, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), estudantes indígenas da UFSC e docentes com longa trajetória na temática.

Integração, fortalecimento e protagonismo comunitário

O PEIQ tem como objetivo articular, integrar e institucionalizar os diversos projetos de extensão voltados às comunidades indígenas e quilombolas em Santa Catarina. A proposta é fortalecer a comunicação entre as equipes, ampliar o vínculo entre a UFSC e os territórios e oferecer suporte qualificado aos estudantes indígenas e quilombolas da instituição.

A reunião mostrou-se um espaço de rica troca de saberes. O professor Felipe Bruno, atualmente em pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC, compartilhou sua extensa experiência: foi tutor do PET-Comunidades Indígenas, atuou na criação e coordenação da Licenciatura Intercultural Indígena da UFBA e integrou iniciativas como Saberes Indígenas na Escola e Criança Alfabetizada.

“É com imensa satisfação que testemunho a articulação democrática entre a gestão e os povos indígenas. Em nossa instituição, que já avançou muito, ainda não alcançamos esse diálogo com a administração central para a institucionalização de um programa dessa envergadura”, afirmou Felipe, destacando o caráter inédito da iniciativa no cenário nacional.

Três anos de construção coletiva

A pró-reitora Olga Regina Z. Garcia ressaltou que o PEIQ nasce do protagonismo indígena e da participação ativa de docentes e estudantes.

“Este programa é fruto de uma construção coletiva que ultrapassa três anos. A presença e o protagonismo indígena, tanto de docentes quanto de discentes, foram princípios que orientaram todo o processo”, afirmou.

Também contribuiu para a discussão a antropóloga Antonella Tassinari, referência na gestão da educação superior indígena na UFSC, que retornou recentemente de pós-doutorado e apresentou sugestões para o aperfeiçoamento do programa. O professor Daniel Castellan, coordenador do projeto UFSC com as Aldeias, destacou o esforço para garantir ampla participação na definição da dinâmica de funcionamento do PEIQ, que contará com uma gestão colegiada.

Para o estudante indígena Cristhian Roberto Pripra, este Programa representa uma importante conquista para o movimento indígena, ao assegurar o protagonismo e a participação ativa dos estudantes indígenas. Ele fortalece a aproximação entre a universidade e os territórios, promovendo um diálogo respeitoso, contínuo e comprometido com as realidades e necessidades dos povos indígenas. A criação deste programa de extensão na UFSC também reafirma o papel da universidade pública na valorização das diversidades e na construção de políticas acadêmicas inclusivas para indígenas e quilombolas

Marco institucional e compromisso público

O lançamento do Programa de Extensão Indígena e Quilombola (PEIQ), programado para a próxima segunda-feira, inaugura uma nova etapa na política de extensão da UFSC. A iniciativa reafirma o compromisso da Universidade com a promoção do diálogo intercultural, o fortalecimento dos povos originários e das comunidades quilombolas, e a construção de políticas institucionais sensíveis às demandas históricas desses grupos.

O reitor da UFSC, professor Irineu Manoel de Souza, destacou o caráter histórico do programa e o compromisso da Universidade com as comunidades indígenas e quilombolas: “O lançamento do PEIQ representa um marco na história da UFSC e reafirma nossa missão pública de promover uma universidade plural, inclusiva e comprometida com os territórios. Este programa nasce de um processo democrático, construído com escuta atenta, participação direta de estudantes e docentes indígenas e quilombolas, e com o compromisso institucional de fortalecer o diálogo intercultural. Ao institucionalizarmos o PEIQ, reconhecemos que a extensão universitária só cumpre plenamente seu papel quando se coloca ao lado das comunidades, aprendendo com elas e construindo soluções de forma compartilhada. É uma conquista coletiva que projeta a UFSC para um novo patamar de responsabilidade social e de produção de conhecimento sensível às realidades do nosso estado e do país.”